terça-feira, 29 de janeiro de 2008

carajo!


Mars Volta é bizarro, né? Depois de quatro discos parece cada vez mais distante a idéia que as duas mentes principais dessa arma de destruição em massa eram as duas mentes principais da saudosa At the Drive-in (que um amigo meu nesse blog odeia, chama de screamo). Na verdade, ninguém mais nem chega a citar o ATD-I. E ainda tem o John Frusciante fazendo algo digno de sua pessoa criativa (Stadium Arcadium?). E se antes o Mars Volta tinha toda aquela coisa progressiva post-hardcore (pára um pouquinho, descansa um pouquinho), isso não está tão presente aqui. Ainda é rock progressivo (você encontra diversas músicas influenciadas por King Crimson, além de flautinhas em “Cavalettas”, e é um disco conceitual sobre o poder do oculto inspirado numa tábua Ouija), mas sem muito descanso. Na verdade arrisco dizer que tá mais pra um Mr Bungle sem piadinhas e carregado no thrash metal. Sem muitas paradas pra descansar, sempre experimentando com tape loops e vocais esquizofrênicos, além dos habituais flertes com free jazz. Fraturado e complexo, com os vocais fortes de Omar Rodriguez Lopez (cada vez mais anasalados) e a demolição guitarrística de Cedric Bixler-Zavala. Vide as duas faixas de abertura, “Aberinkula” e “Metatron”, ensurdecedoramente belas. Mas só em “Ilyena”, terceira faixa que o Mars Volta mostra qual é o plus do álbum (além do volume altíssimo a lá Acid Mothers Temple): grooves. Depois do começo esquisito, vem um baixo marcante roubado do Larks Tongues in Aspic e guitarras descaradamente Hendrix. “Wax Simulacra”, o single, soa como um Don Caballero (cortesia do novo e monstruoso baterista) nos anos 70. E com um final bem Battles.
O disco se sustenta por mais de uma hora (obviamente com uns momentos cansativos, como “Askepios”), supera o Amputechture (tem momentos que empatam com os do De-Loused in Comatorium, um dos melhores discos desse século, caso você não saiba) e supre a necessidade dum disco barulhento e original (porque o último do Icarus Line foi uma decepção, viu). Enquanto estiver assim, ótimo.

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